terça-feira, 18 de abril de 2017

QUADRO DE MOTEL






Sou pecador, confesso, logo na primeira frase confesso que pequei, ou melhor, pecamos: minha infortunada amante e eu; por isso estamos condenados, ela e eu, ambos pelo mesmo motivo. Eu, sem qualquer atenuante; ela, com a atenuação da pena imposta pela Dona Justa Divina do outro lado da vida.

Sim, voamos para o além-túmulo, de onde lhes escrevo, devido a um terrível acidente de carro ao sairmos atrasados do motel. Por favor, não confundam, estávamos atrasados em questão de tempo; o outro atraso estava resolvido. Muito bem, por sinal...

Por que o pecado?... Ora, simples, éramos ambos casados, mas não entre nós, claro. Praticávamos o adultério, doce adultério que levou meses para se consolidar; e, se houve êxito, foi mais por minha insistência nas cantadas que dei na Marli, e menos por iniciativa dela, que fingia não me dar atenção. No fundo, porém, ela queria tanto como eu inserir-se na infidelidade conjugal.

Creio que lhes devo descrever a Marli para tentar uma atenuação da pena que recebi em regime semiaberto... Não entenderam? Explico-lhes: metade do tempo preso num insólito local, que depois lhes direi qual, e metade vagueando no espaço terreno, entre vocês, bem longe do Paraíso, para onde não sei quando irei.

Você, generoso leitor, e você, compreensiva leitora, certamente levarão em consideração meus argumentos. Dependo de vocês para a conquista do perdão que há anos e a duras penas busco. A alma de Marli repousa em paz, recebeu punição branda; mas eu não logrei alcançar a paz definitiva, esta que dependerá do julgamento terreno de um casal, mesmo que o par não seja casado, digamos que amantes, ou nada disso, desde que sejam homem e mulher opinando concomitantemente. Não vale coluna do meio, a não ser que sejam gueis e lésbicas assumidos, não como outros (as) e outras (os) que se deixam ficar a dissimular: fêmeas que são machos e machos que são fêmeas em falsa aparência. Mas em sendo gueis ou lésbicas de carteirinha, vale a opinião.

Devo agora falar à leitora em particular. Era eu um irresistível exemplar masculino, que do sexo oposto extraía suspiros e ais: moreno, olhos verdes, cabelos pretos e ondulados, rosto de beleza invulgar e corpo atlético, tudo arrumado em 1,82 m de altura. Também possuía ótima condição de vida, usava boas roupas e tinha uma cútis queimada ao sol que o tempo me permitia desfrutar. Entendeu, prezada leitora, por que nem sempre foram as cantadas que funcionaram? Você concorda, com sua larga experiência feminil, que muitas vezes era jogo sonso da parceira fingindo-se envolvida para lhe amenizar a culpa por sucumbir aos meus encantos? Demais, até meu nome despertava admiração: Marco Polo Vinícius. Bonito, não?

Ela, a Marli, era indubitavelmente um monumento, falo agora somente aos machos e às lésbicas. Ó Marli, morena Marli! Os olhos, como duas esmeraldas, tremeluziam em seu lindíssimo rosto. Mais curtos na frente, os cabelos, bem compridos atrás, eram de uma cor castanho-escura e trazia um brilho singular, além de encaracolados. E, do rosto, formavam a moldura os seus lindos cabelos. Os lábios eram carnudos, o nariz, perfeito, tudo como se assim fosse uma Ferrari. Desculpem-me, mas tenho de apelar para o automóvel porque me faltam as palavras de um José de Alencar, para que vocês abstraiam ao máximo a beleza do rosto que lhes quero transmitir. Também, se eu fosse como o romancista, com todo o respeito, gastaríamos páginas e páginas a narrar sobre as formas naturais da Marli, que, convenhamos, a dinâmica dos tempos hodiernos não nos permite. Mesmo assim, devo-me estender um pouco em tão importante detalhe.

Creio que a comparação com a Ferrari clareou-lhes meu incoercível deslumbramento ao me deparar com Marli. Via-a sempre, era esposa do meu melhor amigo... Como vocês começam a notar, inicio a lhes vislumbrar o meu pecado. Fui impelido a ele a partir daquele rosto irresistível... Mas imaginem agora o pescoço da Marli. Que pescoço! Que perfeição de pedaço a sustentar a cabeça! Que lugar apropriado para depositar carícias!... Hum... E o corpo? Que corpo! Cada parte em perfeita harmonia, parecia uma reedição aprimorada da Vênus!

Pequenas, as mamas – Ó cálices! –, mamas empinadas que surgiam como montanhas aptas ao alpinismo sexual. Descendo, lá estava o ventre... Pensem numa jovem cigana em evoluções graciosas de seus quadris. Sim, o ventre dela levava-me à loucura!... Hum, e as pernas?... Nossa! Que pernas! Torneadas e firmes como a rocha, terminando em pés de boneca. Tudo isto era a Marli, 1,74 m de altura e 26 anos, nós ambos na idade do tesão e da experiência sexual.

O marido de Marli era-me companheiro de intimidade. Saíamos os quatro: eu e minha mulher, Cristina, e eles, Paulo e Marli. Íamos constantemente à praia, à boate, a tudo que era lugar. Cristina não era também de se jogar fora. Loura, linda, corpo escultural, pele bronzeada e sedosa, cabelos curtos e lisos, rosto como se fosse talhado por escultor de renome. Sim, éramos dois casais em grande amizade, só não se podendo resistir à beleza das mulheres. Paulo e eu, ambos fitando-as em cobiça, eu de olho na dele, ele de olho na minha. Nada comprometedor, apenas discretos olhares e comentários do tipo: “Você está de parabéns pela mulher que tem!...” Nada demais, sempre em respeito mútuo...

Eu, de olho gordo na Marli, certo dia ela me liga a pede ajuda em vista dum problema jurídico. Eu era advogado destacado entre os de boa reputação, além de transar outros negócios no ramo comercial: uma loja no Plaza Shopping, em Niterói, cidade onde morávamos. Paulo é médico, excelente, por sinal. Digo que é porque não está como eu, morto, ou como Marli, morta comigo. Paulo está bem vivo e vivendo com... Cristina. Estranharam, não?... Explico-lhes adiante o insólito pormenor...

Convidei Marli a almoçar para conhecer seu problema. Antes, porém, devo alertar os prezados leitores e dignas leitoras que não posso comentar a punição sem antes relatar o pecado e gravar todos os fatos antecedentes. Faz parte de minha estratégia de defesa, dos frontispícios, como eu diria em abertura diante da justa terrena a defender um réu em caso complexo. Lá, onde estou, e para onde vocês irão, o vocábulo “frontispício”, carcomido pelo uso, ainda causa forte impressão. Por isso, e em certo desespero, apelo aqui para ele.

Pois bem, levei Marli a um discreto restaurante com a minha mente só pensando naquilo... O bate-papo iniciou-se frio e calculista, de profissional orientando cliente. Porém, depois de sorvermos um bom vinho, fui conduzindo a conversa para o campo mais perigoso dos elogios à beleza dela e ao meu espírito liberal em relação à Cristina, o que aguçou a curiosidade da linda comensal.

Eu descrevia Cristina como a esposa que de mim tinha autorização para algumas escapulidas. Marli, cada vez mais interessada, chegou a me perguntar com quem eu achava que Cristina transava no paralelo. Usei toda a minha inventividade e fui em frente fantasiando o assunto, até admitir que, como marido, – e para quebrar a monotonia do casamento, – eu estimulava Cristina à prática de algumas aventuras extraconjugais. Assim, com minha elevada experiência em cantadas, fui penetrando a mais e mais o íntimo de Marli e aguçando sua curiosidade quanto aos prazeres da infidelidade. Cheguei a afirmar o quanto Cristina melhorava na cama após as escapulidas que dava.

Aos poucos a intimidade ia chegando à investida direta, o vinho produzia o efeito esperado – Ó infalível vinho!... Terminado o almoço, convidei a bela morena a apreciar o mar. Estávamos no Novo Hotel, em Gragoatá, de onde a baía de Guanabara surge aos olhos dos apaixonados em sereno deslumbramento, e suas águas, espelho mágico tremeluzindo ao sol, convida ao romantismo... Segurei-lhe as mãos já em enlevo mútuo e, enquanto tocava minha pele na dela, percebi o seu corpo esquentar em avidez. Fui trazendo-a para perto de mim até ocorrer o primeiro beijo, rápido beijo:

– Ai, Marco! Alguém pode ver!...

Era o que me faltava ao passo seguinte. Com ela concordei e lhe sugeri que terminássemos a agradável tarde em lugar discreto. Ainda tive caradura para insinuar que determinado motel não nos seria aconselhável, eu desconfiava ser o predileto de Cristina. E fomos, Marli e eu, confesso que com o nervosismo tomando conta de todo o meu corpo. Afinal, há muito eu deliberara conquistar aquela mulher, a mulher do meu amigo, sem dúvida, porém maravilhosa. Que fazer?... Pergunto ao leitor e à leitora: “Cá entre nós, qual é a real possibilidade de se conquistar a mulher do inimigo? Concorda que nenhuma?...” “Lógico que nenhuma!”, esta seria a resposta, sem falar no perigo de ela entornar veneno no seu copo ou armar alguma tragédia grega contra você. Com efeito, não há amante mais próxima que a mulher do amigo mais íntimo, claro que com raras exceções, pelo que, desde já, peço desculpas para não irar ainda mais a Dona Justa Divina...

Devo-lhes, porém, narrar em detalhes meu dia primeiro do pecado. E rogo ao generoso leitor e à prezada leitora que não se envergonhem de curtir comigo esse enlevado momento. Se sentirem o tesão tomar-lhes o corpo, deixem, não reajam com falso moralismo. Não confundam moralismo com temores espirituais e digam vivas e vivas ao sexo! Mas, se vocês nunca traíram os parceiros ou parceiras, que seja esta a primeira lição, um novo caminho ao futuro do prazer extraconjugal. Ou então é melhor que parem agora, como diria Wanderléia em sua música dos tempos da Jovem Guarda cuja frase vai a seguir para conhecimento dos mais novos: “Por favor, pare agora!”

Muito bem, chegamos ao motel, o Le Baton. Escolhi a melhor suíte, com o sugestivo nome de Bota-Bota. Não tive pressa. Fui acariciando a bela Marli e lhe murmurando palavras gentis, o que eu fazia com a maestria de experimentado amante de mulheres alheias. Depois a deixei à vontade, enquanto fui ligar a sauna e colocar a banheira de hidromassagem com a água no ponto. Fazia cada movimento em tempo certo de ausência fingida e endereçada ao objetivo da descontração e da intimidade.

Voltei e sugeri a Marli desfrutarmos juntos a sauna a vapor, ela ainda com pejo de se desvestir na presença primeira de um homem que não era marido dela. Toquei com meus lábios suas orelhas e os resvalei nos lábios dela, carnudos e gostosos. Senti vontade de agarrá-la, de lhe arrancar as roupas e transar sem delongas. Recuei. Seria grosseria. Não me poderia tornar amante comum naquele mágico instante de infidelidade.

Cauteloso, fui então ao banheiro, despi-me e me enrolei na felpuda toalha; em seguida, com um quê de distraído, dirigi-me à sauna. Na passagem, chamei-a carinhosamente a participar comigo daquele deleite. Ela, minutos depois, veio – e quão maravilhosa veio! –, somente com a toalha a ocultar seu monumental corpo nu. E logo demos asas, em meio ao vapor, a algumas carícias desapressadas. Beijos, primeiro; toques suaves e generalizados, depois. E nossos corpos, - quentes como a sauna, - nossos corpos assim também ficaram... Ela não mais pensava; o tesão dominava-a, e a mim, em intensidade dum vulcão a eclodir...

Permanecemos trocando carícias por quase uma hora, até que saímos abraçados em direção à arredondada alcova. Doido, ah, doido eu estava por ela! E mais fiquei ao lhe retirar a toalha... Que coisa maravilhosa! Que fêmea! Fremia ela por todos os poros quando me iniciei no ataque sexual, à minha moda, à moda de amante extasiado com a beleza duma presa há muito cobiçada.

Embaixo, o poderoso mastro, firme e apressado, buscava logo cumprir seu delicioso mister... Não o permiti, ele teria de esperar seu momento como um cão treinado diante do osso aguardando a ordem do dono. Antes dele, primeiro eu, que me entreguei sem pressa às delícias daquele corpo nu como se o estivesse esculpindo à perfeição. Vou lhes contar o que fiz em aula gratuita que dou ao leitor machão e às lésbicas de fato. Peço à leitora normal que se comporte como destinatária dos carinhos que aqui e agora esmiuçarei. Que venham também os gueis, para que não pareça discriminação!...

Dedos da mão direita, apenas o fura-bolo e o médio e, às vezes, o polegar... Imaginem esses três dedos com vida própria, como se fossem viajantes apalpando desconhecidas estradas, mas com a bússola lhes dando o exato azimute do destino. E começaram a caminhar: o fura-bolo e o médio, como se pernas fossem, o polegar momentaneamente sem função...  Eis-me recordando o ativo Blau Nunes do coronel Tibério Vacariano naquele Incidente em Antares mui magistralmente narrado por Érico Veríssimo. Sim, sim, por que não aproveitar a lasciva descrição do mestre e trazer vocês até o quarto neste momento único? Venham, então; deem ao imaginário um par de asas e deixem-nas esvoaçar livremente! Não se prendam! Soltem-se! Entreguem-se!... Venham ao gozo!...

... E lá se foi o Blau Nunes, renascido em meus dedos, a percorrer em suavidade o belo rosto de Marli, fixando-se nos seus lábios carnudos até lhe penetrar a boca úmida em vaivém delicioso. Ela mordiscava a ponta do médio; e o fura-bolo, ciumento, tomava-lhe o lugar num troca-troca explodindo em prazer:

– Ai, ai... Ai, ai...

Que gostoso!... E tudo só começando, sem pressa, as pernas do Blau Nunes caminhando pelo pescoço roliço da excitada Marli, intumescendo-lhe as veias, o sangue escorrendo nelas como lava efervescente dum vulcão anunciando a eclosão inevitável.

E ia indo em frente nas carícias o Blau Nunes, agora subindo e descendo as duas montanhas eriçadas pelo tesão incontrolável. A cada subida, no cimo, o polegar tomava o lugar do dedo médio, – a perna direita do Blau Nunes, – e rosetava o bico duro e enrugado a desafiar o alpinista. E subia, e descia, e rosetava, e subia, e descia, e rosetava...

Por esta hora o meu mastro, que mais parecia ferro em brasa, já se sentia desprestigiado. Mas ele teria de esperar... E a cada subida a rosetada e o suspiro a mais e mais extasiado da Marli: “Aaai, aaai, aaaai!”...

Que gostoso! E nem saímos das montanhas... Mas Blau Nunes finalmente desceu e caminhou pelo ventre da mulher, percorrendo-o em busca do tesouro perdido... Assim, calmamente, perscrutando cada detalhe do mapa sexual traçado em curvas exuberantes, prosseguia o Blau Nunes em sua histórica caminhada, a caminhada da primeira vez, com a fêmea inelutavelmente agitada em requebros a aquecer e lubrificar as entranhas...

Calma, caro leitor! Não goze agora, não, porque você perderá o desfecho, além de ganhar a triste fama de ejaculador precoce. E você, generosa leitora, não se apresse no gozo, eu vou até onde você está em sua ânsia, já doidinha que eu chegue. Deem, porém, uma esfriada nos ânimos e rememorem a caminhada do Blau Nunes... Tomem ambos uma ducha fria...

Refletiram?... Esfriaram?...

Ah, sim, estamos próximos da floresta que o ardente Blau Nunes focaliza de longe, mas nem tanto que precise de bússola. Vale o instinto, e ele caminha resoluto em direção à negra floresta rodeada pelo descampado do ventre e das dobras das pernas de Marli. E irrompe pela floresta à procura do abismo; sabe que seu instinto não falhará...



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Neste momento de magia sexual, aproximei-me ainda mais de Marli, colei meus lábios nos dela, carnudos e gostosos, e pressionei-os num longo beijo, enquanto o Blau Nunes mergulhava inteiramente no abismo molhado pelo tesão máximo, o vulcão liberando explosões e suspiros frenéticos de Marli: “Ooooooooh! Aaaaaaaaaaah! Uiiiiiii! Ai! Aaaaaaaaai! Aaaaai!”...

Ó homens! Ó mulheres! Ó lésbicas! Ó gueis!... Não mais aguento! Muito menos meu mastro seria capaz de resistir a tanto tormento. Sim, finalmente chegara a sua hora, e ele mergulhou no abismo, que se abriu a recebê-lo... E ficou ele em vaivém feroz, enquanto as ancas de Marli remexiam-se voluptuosamente, nossos corpos unidos e quentes, o vulcão em estrondo de amor que o saudoso Gonzaguinha certamente assim o definiria: “Explode, coração!”. E eu lhes afirmo, plagiando-o: “Explode, tesão!”



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Bem, generoso leitor e amicíssima leitora, é hora do descanso. Agora vocês são participantes ativos da minha intimidade. Vamos ao banheiro acalmar os ânimos... Cada qual faça o que quiser, mas somente durante quinze minutos. Na volta contarei as cenas de amor que se repetiram no motel, na mesma suíte e no mesmo horário. Sim, o horário ideal da tranquila infidelidade, aquele em que o marido geralmente está a suar para sustentar a família e a mulher se mantém em suas obrigações domésticas, levando os filhos à escola e retornando ao lar a esperar a hora de buscá-los, ou então aproveitando esse intervalo de tempo para praticar a mais vezeira modalidade de sexo que se conhece no mundo: o extraconjugal...
Depois, na volta do motel, é só pegar os filhinhos, tomar com eles um banho, e o cheiro do amante desaparecerá. Ainda fica a infiel legitimada a esculhambar o pobre-diabo do corno se ele não chegar na hora certa do jantar que a conivente empregada providenciou. Sorte minha, que podia suspender alguma audiência para me ocultar com essas mamães.
Sorte?... Nem tanto, nem tanto... Pensava eu que tivera sorte, sim, mas só até morrer. Ah, estou ficando prolixo. Prometi-lhes um intervalo de quinze minutos e cá estou eu a esticar o jogo. Descansemos, pois, que já lhes contarei a punição...


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 O pecado, o duplo pecado, – o meu e o da Marli, – está resumido. O relacionamento extraconjugal perdurou por meses a fio sem que Cristina e Paulo desconfiassem. Ingênuos, eles pareciam ser objetos inanimados. E continuávamos a sair a quatro, juntos, os casais curtindo a noite e dançando em pares trocados.
Às vezes eu e Marli até torcíamos para que Paulo e Cristina encetassem um romance. Passamos divertidamente a armar situações em que ambos pudessem ficar a sós. Também muito estimulei Paulo a dançar com Cristina. Marli fazia o mesmo, talvez estivéssemos com remorso. Mas eles pareciam não se interessar um pelo outro.
O vinho, ah, quantas vezes na casa deles, ou na minha, esquentávamos o ânimo sorvendo um bom vinho, a música suave a embalar o ambiente. Mas nada os empurrava à infidelidade, o que, cá entre nós, seria perfeito. Enquanto isso, Marli e eu jogávamos nosso jogo de esfregar pé no pé debaixo da mesa na hora do pôquer ou do biriba. E eles, Cristina e Paulo, nada, nada mesmo... Mantinham-se impassíveis e em inocentes conversas sobre os filhos, prosando sobre assuntos banais.
Esse comportamento passivo de ambos apenas servia ao estímulo das fantasias minhas e de Marli. No motel, imaginávamos Paulo e Cristina transando e atingíamos o auge do gozo por vias indiretas. Esquecíamo-nos da hora, às vezes tendo de voar rápido e a tempo de Marli pegar seus filhos no colégio. Até que chegou o dia fatídico...
O dia fatídico, sim! Ele chegou inesperado e por absurda imprudência minha. Saímos atrasados do motel, com pouco tempo para me deslocar até o carro de Marli, oculto num posto de gasolina. Na pressa, provoquei o clássico acidente automobilístico. Na verdade, e por mais campanhas educativas, estas não se atendem aos imprevistos da vida... Sim, prezados e prezadas, avancei o sinal vermelho e meu carro foi colhido em cheio por uma carreta. Não lhes vou esmiuçar os detalhes, posto não desejar manchar de sangue a minha história. Pularei a visão tétrica do terrível acidente e lhes passo a dizer que me vi, junto com Marli, subindo velozmente ao Céu.
Vocês vão saber agora que a velocidade da alma é muitíssimo maior que a da luz, isto eu posso afirmar categoricamente. Atravessamos o Cosmo e chegamos à presença dos ilustres magistrados divinos. Chegamos contentes, de fato muito contentes, eis que estávamos no portal do Paraíso e a um passo da salvação. Ledo engano! Fomos recebidos ainda do lado de fora por um anjo mal-encarado, que nos conduziu à presença do magistrado, ou melhor, da magistrada: a Dona Justa Divina. Pensei comigo na hora: “Estou salvo! Sempre me dei bem com as mulheres!...”
Outro engano. A magistrada nos mandou sentar e começou a relatar nossos pecados, o que já sabíamos, decerto. Cheguei a lhe sugerir que resumisse a história para acelerar o julgamento. Mas ela me avisou que não poderia fazê-lo, ante o risco de nosso processo ser considerado nulo em instância superior... Demais, ali não havia necessidade de pressa. Foi aí que pensei, sentindo a barra pesar: “Vou tentar procrastinar ainda mais este processo para ver se cai na prescrição”...
Que nada! Nenhum argumento conseguia fazer a mulherzinha interromper a leitura. E ali ela ficou a ler cada página de mais de duzentos volumes, explicando, em detalhes, – assim, como se fosse um longa-metragem, – toda a minha vida.
Marli esperava pacientemente a hora dela, enquanto eu discordava dos argumentos jurídico-celestiais contra mim, rebatendo todas as acusações por indefectível mania de advogar causas perdidas. Estava, enfim, cumprindo praxe advocatícia, mesmo sabendo ser tudo em vão. Isto durou meses, longos meses celestiais que aqui equivalem a incontáveis anos terrenos, até que a magistrada, mostrando uma carranca mais feia do que as vistas nos barcos que navegam no rio São Francisco, finalmente iniciou a leitura dos pecados da Marli.
Curioso é que não sentíamos sono nem fome. E, ao cabo de mais alguns meses celestiais, a magistrada comentou sobre o Blau Nunes... A coisa foi piorando, até que ela garantiu que nosso caso era menos grave que o do coronel Tibério Vacariano, este que queimava no inferno desde a sua morte, nem mesmo subindo a julgamento. Eis os principais motivos de ele não merecer o tratamento intermediário do purgatório: seus assassinatos, suas trapaças e, em menor proporção, o seu Blau Nunes, que era o original, o meu não passava de plágio...
Sim, meus prezados, não fora o Blau Nunes teríamos pena branda, talvez até a salvação, eis que a infidelidade ganhara legitimidade no Céu, constando como legislação ultrapassada, em desuso, de tão burlada pelos mortais. “Tudo bem!”, pensei com meus... Sei lá o quê, pois botões eu não mais os tinha. Sentia-me presente, mas, ao mesmo tempo, ausente. Via Marli, mas não a conseguia tocar. Tentei, e minhas mãos trespassavam seu espectro, e vice-versa. A mim mesmo não me conseguia tocar, apesar de me ver inteiro, o meu espectro idêntico ao meu corpo em vida.
Curiosa sensação, pois também percebi que me podia encolher e esticar sem grandes problemas. Porém não existia em mim o concreto, o palpável. Era tudo abstração, como as xaropadas jurídicas que eu usava para tentar vencer as causas terrenas. E concluí mais ou menos como o mestre dos filósofos: “Só sei que nada sei!” É mesmo! Eu não tinha a menor ideia da sentença que me viria, até porque não lera a Bíblia e jamais frequentara quaisquer outros locais que não fossem motéis.
Só nos restava aguardar... E veio-nos a sentença: eu e Marli condenados a cumprir, respectivamente, 50 e 30 anos terrenos, mas com nossas almas presas num quadro que há muito tempo enfeitava a suíte Bota-Bota do Le Baton, aquela em que desfrutávamos nossa louca paixão... Ah, o quadro, eu sempre observava aquele quadro, o homem e a mulher sentados na mesa duma cafeteria como se estivessem conversando. Linda pintura, enfim, com ela vestida em trajes de época, vestimenta do século passado, com acentuada influência francesa, e ele enfiado num alinhado terno, rememorando o distante período da monarquia brasileira e a mania de copiar a moda europeia sem considerar o calor daqui.
Ora bem, ali ficaríamos cumprindo a pena do purgatório, mas não tão simplesmente assim, como vocês estão a imaginar. Veríamos tudo, ouviríamos tudo, mas sem poder interferir em absolutamente nada. Também sentiríamos em nossas pobres almas os dramas, porém sem o direito de desfrutar das alegrias. Com efeito, um inefável tormento, todavia bem melhor que enfrentar o inferno, lugar sem volta do qual fomos poupados. Terminada a leitura da sentença, lá estávamos, eu e Marli, presos no quadro como se fôssemos almas das figuras retratadas. Podíamos trocar ideias entre nós, mas não conseguíamos nos tocar. Os demais detalhes, nós os descobriríamos ao longo dos tempos...


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 Amanhecemos no quadro, numa segunda-feira, ainda atordoados ao imaginar os anos que ali passaríamos. De manhã, veio a arrumadeira caprichando no visual da suíte, e o garçom repondo as bebidas do frigobar. E assistimos à primeira transa entre a arrumadeira e o garçom, decerto acostumados àquela rapidinha... Na verdade, nem as roupas tiveram o trabalho de retirar. Fizeram sexo sem prolegômenos, cumprindo talvez o vício ou o desejo de transar onde não poderiam fazê-lo em virtude do alto preço. Mas ambos ali estavam, e com uma grande vantagem: podiam sair de casa afirmando sem suspeitas que estavam a caminho do motel... Espero que os leitores e as leitoras não sejam esposos ou esposas de empregados de motéis...
Ao meio-dia, hora do almoço, chega o primeiro casal. Ele, uma figura gorda, cheirando a peixe, o pescoço cheio de jóias. O cordão pendente em torno do pescoço era tão grosso que até lhe curvava a espinha dorsal. Sem dúvida, um tipo vulgar de novo-rico, enquanto ela, prostituta, ali estava a soldo do machão, que logo se desnudou soltando umas banhas que lhes caíam aos joelhos. Sim, a banha molenga desmoronava por cima do vergalho, como se ele, o vergalho, não existisse e não possuísse força para içar todo aquele peso gorduroso. Que nada! Tão logo a mulher tirou a roupa surgiu o vergalho, duro feito pedra, dividindo ao meio o abdome, dando-lhe o formato dume bunda, como se dela, da bunda improvisada, saísse algo...
Deitada na cama, a mulher suplicou ao sebento que primeiro conversassem um assunto que ela reputava seriíssimo. Mas ele pulou em cima dela amassando-a e sufocando-a, com ela gritando que queria porque queria lhe falar algo muito sério, ao que ele apenas respondia:
– Estou pagando não é pra você falar!
– Mas, e a camisinha? – retrucava a prostituta com a voz sufocada por tanto peso sobre si.
– Que camisinha? Você acha que vou plastificar meu mastro? – respondia-lhe o gordão, enfiando-lhe o dito cujo, ela de olhos arregalados e sem poder evitar a furiosa penetração.
Como um pato, o pesadão estrilou em gozo suado e nervoso, sem qualquer consideração com a prostituta, nem mesmo preocupado em saber se ela estava prazerosa com o ato. Depois partiu ao banho. Ela fez o mesmo. Na volta, ele disse:
– Agora você pode falar!...
– Estou com AIDS! Era o que eu lhe queria dizer...
O apressado começou a pagar seus pecados ainda na Terra. Saiu apavorado, olhando a mulher como se fosse monstro, ameaçando matá-la etc. Ela ficou um pouco mais, chorando copiosamente. Não sei quanto tempo duraram na vida terrena. Jamais retornaram ao motel...


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 Outro dia. Dois arrumados gueis surgem no cenário da suíte Bota-Bota em alegria incontida, um mais alto e esvoaçante que o outro. Eu e Marli, presos dentro do quadro, ficamos a observar seus trejeitos e carícias logo iniciadas:
– Você bota primeiro! – fala o baixinho.
– Não! Você é quem primeiro bota! – fala o mais alto.
Ficam então na maior discussão; no início, descontraídos, porém ávidos em mais receber que dar:
– Bota você! – o baixinho insiste.
– Bota você! – retruca o mais alto.
Irritam-se e se agridem em tapas ferozes, um escândalo, arranhões mútuos, gritaria e outros ais... Aí surge o gerente e avisa:
– Chamo a polícia!
Não adianta. Eles (as) logo iniciam a conversa do “bota você primeiro” e... Pronto! Lá vem outra escaramuça entre eles (as), voando penas pra todos os lados, as deles (as) e dos travesseiros que se desmancham às porradas.
O gerente torna à suíte, ao seu lado dois mal-encarados PMs. Cada qual segura uma das damas, que perneiam e bracejam loucamente, tanto que nem dá para levá-las na mesma patrulha, o que obriga aos PMs o pedido de reforço. Vem então outra patrulha, e, aí sim, colocam uma dama em cada carro, ficando o problema resolvido.
Contente com o apoio policial, o gerente, solícito, oferece aos PMs umas cortesias com validade mensal. Entrega-as nas mãos do mais velho, crente de estar praticando um belo favor, quando lhe ouve a reação:
– Olha, seu panaca! Você acha que aqui é lugar pra eu trazer a patroa? Quem você pensa que eu sou? Um salafrário frequentador de motel? Sou homem sério! – reage com aspereza o PM.
– Desculpe-me, senhor! Não se ofenda.
– Mas me ofendeu! E muito! Olha aqui, quanto custa pra frequentar uma suíte? – indaga o PM ao assustado gerente.
– Meu senhor, a cortesia vale pra todos os dias, durante todo o mês. Cada dia, sem consumo, o preço é de trinta reais 30,00 – diz o gerente.
– Tudo bem. Mas aqui eu não venho! Sou homem de moral e bem casado. Troque as cortesias por numerário. E faça a conta direito, senão levo você em cana por exploração de lenocínio! – encerra grosseiramente o PM...
O gerente não tem como sair do nó: troca tudo por dinheiro vivo, e logo se vão os PMs, com as algibeiras forradas, levando as damas para a delegacia, à presença do inspetor de polícia, que as recebe com ar de gravidade. De repente, um PM se adianta em defesa das raparigas alegando que a ocorrência poderia ter sido encerrada no local etc., recebendo a concordância do seriíssimo inspetor...
As damas, comportadas, ficam aguardando a possível liberação, até que os demais milicianos, concordando com o que intercedera em favor delas, decidem se retirar. Na saída, as damas piscam os olhos para o PM e agradecem baixinho: “Obrigada, querida!” Depois fitam o inspetor se despedindo: “Tchau, queridinha!...”

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 Tudo era castigo, apenas sensações dolorosas que emergiam dos nossos espíritos. Aliás, tudo o que víamos nos parecia ao mesmo tempo falso e verdadeiro. Era como se vivêssemos o permanente absurdo da vida terrena tendo como única e exclusiva certeza a morte futura, fôssemos nós bons ou maus, justos ou injustos, fiéis ou infiéis. Ou seja, morremos sempre ao cabo de tudo, apesar dos contrastes que nos são colocados ao livre-arbítrio. E estamos, eu e Marli, diante da dura realidade de que olvidamos o castigo divino como se nada pudesse existir após a morte. Por isso estamos aqui, como Sísifo, carregando a nossa pedra montanha acima e esperando que ela role até o sopé para novamente empurrá-la ao cimo num esforço homérico e durante um tempo que, em alguns casos mais graves, e para algumas almas igualmente punidas, poderá ser eterno. Ufa!...
Bem, é hora de contar algo que aconteceu e que muito pesou no contexto do castigo que eu e Marli recebíamos, lá mesmo, no Motel Le Baton, e na nossa predileta suíte Bota-Bota. Estávamos nós presos ao quadro quando surge o casal Paulo e Cristina. Imaginem, prezados leitores e leitoras, imaginem o que lhes narrei de minhas transas com Marli; imaginem algo bem mais picante que o insaciável Blau Nunes. Sim, sim, Paulo e Cristina eram amantes e transavam como eu jamais fora capaz de fazê-lo; nem eu nem Marli...
Não lhes posso negar que nossa transa era das melhores, um vulcão em erupção. Faltava-nos, porém, o amor que não tínhamos um pelo outro. Foi duro perceber que entre Paulo e Cristina havia amor total; Uma surpresa, sem dúvida: Paulo e Cristina se amavam antes mesmo de nós começarmos o nosso infiel romance. Eles foram perfeitos na dissimulação. Estávamos, eu e Marli, completamente equivocados quando abstraíamos sobre a possibilidade de Paulo e Cristina transarem um dia. Já o faziam... E como!
Muito bem, melhor assim... Pelo menos sei hoje que são felizes. Mas não lhes posso negar, nem Marli, que nos sobreveio uma gota de ciúme em nossas almas, talvez devido àquele sentimento de posse que sentimos quando casamos e ouvimos o “até que a morte os separe...” Ora bem, vamos deixar pra lá esta parte que, confesso, me é difícil narrar. Ciúme, puro ciúme, mesmo depois de morto. Sentimento de machão brasileiro que quer comer as mulheres do alheio, mas não quer que sua mulher dê para ninguém. Grande bobagem, pois elas dão assim mesmo, e geralmente nunca sabemos...


💕💕




Nasce outro dia, mais um penoso tempo de obrigatória observação, sem falar nas transadas do garçom com a arrumadeira em cansativo repeteco. Chega, então, um casal de seus trinta anos, talvez. Bem vestidos, aparentemente apaixonados, ela, eufórica e se desmanchando em atenções, e ele, receptivo, porém sem pressa. Parecia eu com Marli no início de tudo...

Assim ficaram numa prosa de dar gosto, mesa caprichada em jantar regado ao melhor vinho. Pelo que conversavam, em flagrante intimidade, pude perceber que namoravam de longa data. Pensei comigo: “Vai pedi-la em casamento!” Era, com efeito, o lugar ideal. Terminaram calmamente o jantar, e eu ali na frustração de tentar esfregar as minhas mãos e não conseguir. Pensava no gesto, mas não me tocava a mim, sensação terrivelmente incômoda, as mãos se transpassavam como um misterioso nada.

O casal tornou ao espaço da alcova, e ele disse:

– Querida, tenho um segredo. Amo você perdidamente. Estamos juntos há anos e na idade de definirmos nossas vidas.

– Oh, querido! Você é maravilhoso! Nunca imaginei receber tanto carinho! Amo você com ardor. O que mais almejo é viver uma vida inteira ao seu lado...

– É o que desejo, querida, mas não sei como você entenderá...

– Diga-me, amor!

– Amo você, sim, mas não posso negar que sou guei!...

Fiquei pasmo. Marli desandou a chorar, não entendendo como um homem daquele, – que me lembrava a mim no passado, – diante de tão deslumbrante mulher, possuísse um lado feminino tão acentuado. Não sei se se casaram. Nunca mais voltaram ao motel.

Imagine o caro leitor passar cinquenta anos dentro do quadro assistindo ao desenrolar de carícias e alegrias, de dramas e tragédias, mas somente podendo sentir os dramas e as tragédias. E vinte anos venho passando sozinho, depois que Marli pagou a sua conta à Dona Justa Divina, com esta esclarecendo que eu jamais a veria, nem mesmo em alma, tudo por culpa do Blau Nunes, de minha exagerada lascívia e da enganosa vida de macho frustrado que levei. Pudesse eu recomeçar, juro-lhes que seria o marido mais fiel da face da Terra, mesmo que corno.

Estou completando a minha pena no Purgatório. Não sei qual o próximo passo que me será destinado. Mas, pelo menos, sei que não irei ao inferno. Daquele tétrico lugar estou livre desde o julgamento primeiro.

E ainda que a próxima fase seja outra espécie de castigo, porque no além-túmulo não há pressa, espero que Dona Justa Divina me permita sentir umas emoções, mesmo que preso num quadro de outro motel. Existir como alma, prezados leitores e leitoras, é assaz interessante, pois se sabe que a vida vai além da morte física; mas, sem emoção, não me tem sido fácil, assim como me é terrível não saber, afinal, como é o tão almejado Paraíso...

Mas vocês que me acompanharam até aqui podem em muito me ajudar esticando em comentários esta história com suas próprias experiências extraconjugais. Mas só valem estas, ou outras que envolvam personagens interessantes. As histórias podem ser reais, desde que não identifiquem as pessoas que as protagonizaram. Quem sabe assim vocês não diminuem, por confissão prévia, as suas dívidas com a Dona Justa Divina?...


2 comentários:

  1. Nossa que texto genial! Me remeteu ao livro " A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera, e aquele livro ou conto do Jean Paul Sartre, onde três pessoas ficam presas num lugar com comidas, bebidas e roupas sofisticadas à vontade. E chega-se à conclusão: O inferno são os os outros. Eu particularmente seria incapaz de trair um marido. Aliás, só tive um, o pai da minha filha, que resolveu separar de mim, furiosos e zangado, mas é o melhor pai do mundo. Não pretendo ter outro marido, nem namorado,muito menos ser amante, pois acho que é um papel deprimente a desempenhar, por isso sei que nunca trairei, e nunca serei corna, rsrsrs.

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  2. Interessante comentário. Esse conto poderia não ter fim, pois muitas são as histórias que se encaixariam como luvas na sequência. Obrigado pelo comentário.

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