segunda-feira, 8 de maio de 2017

PAIXÃO MORTAL



Tudo aconteceu há muitos anos, em Nova Friburgo, no tempo em que lá havia apenas um pequeno destacamento da Polícia Militar com doze homens comandados por um experimentado sargento de nome de guerra Pedroso.
Na periferia da cidade funcionava um animado prostíbulo com lindas mulheres, algumas desabrochando a adolescência. Porque a vida difícil dos roçados as enviara, como mariposas, em direção às luzes da metrópole friburguense e à entrega carnal remunerada. Vinham tímidas, inexperientes, até mesmo virgens.
É claro que Pedroso, em sendo uma das mais prestigiadas autoridades policiais da localidade, tinha até mesa cativa no bordel – uma bela casa de mais de cem anos, cercada de jardins e gramados bem cuidados. Madame Carla, a cafetina, desdobrava-se em atenção ao sargento, não somente no salão, mas também na cama, onde o militar esnobava um desempenho que fazia correr longe sua fama de femeeiro.
Nunca se soube ao certo se a atenção de madame Carla com Pedroso era decorrente de paixão ou apenas medo de ser admoestada nos seus negócios. Porém, tudo indicava ser mais a primeira hipótese, ou ambas, concomitantemente, eis que o lugar era frequentado amiúde por autoridades de competência e peso político muito além do que valia o sargento.
Eram juízes, coronéis, deputados, prefeitos, desembargadores, médicos, enfim, a nata da sociedade local, de outros recantos interioranos e até da capital, que ali fazia ponto constante. O sargento era, na verdade, um guardião das autoridades, às quais prestava respeitosas gentilezas e recebia de volta igual atenção.
Pedroso vivia sozinho. Era solteiro e bem-apanhado em seus 28 anos de idade. Não era alto, talvez medisse 1,70m. Tinha uma cabeleira preta aparada no rigor militar, mas sem lhe tirar o charme. Sua dele pele morena lembrava os índios, dos quais, por sinal, era descendente. Por tudo isso, e pelo carisma de sua autoridade, além da recortada farda que envergava, o sargento arrancava suspiros das biscas.
O sargento, – como era normalmente chamado em exaltação emblemática à sua graduação, algo comum no interior, – dava conta de todas as biscas e tinha a preferência de madame Carla quando ali chegava alguma nova moça, que lhe era entregue pela madame para a iniciação como prostituta. E assim muitas meninas perderam a virgindade debaixo do garanhão; e gostavam, posto ser famosa a habilidade dele em desempenhar o agradável papel de deflorador oficial das iniciantes.
O tempo escorria em favor do sargento, com ele sempre presente em casa de madame Carla, até que lhe surgiu uma linda garota, vinda de Minas Gerais, estreando na vida de meretriz. Como de praxe, ela passou a primeira noite com o sargento. O nome dela era Márcia. E houve o inesperado: a paixão louca do sargento pela morena, esta que lhe passou a ocupar com exclusividade a preferência, provocando-lhe doentio ciúme o fato de ela se deitar com outros homens por dinheiro. Mas nada ele podia fazer, assim era a regra do jogo...
Márcia também demonstrava bem-querer pelo sargento. Em compensação, o ciúme dele aumentava, já atrapalhando a atenção que carecia a ela dar atenção aos demais clientes, especialmente quando se tratava de alguma prestigiada autoridade superior, o que deixava Pedroso tão alucinado que ele passou a protagonizar incontroláveis cenas de ciúme que até perturbavam o ambiente.
Estimulado por madame Carla, que procurava contemporizar a questão, o sargento de quando em quando levava Márcia a passear pela cidade, provocando olhares de desaprovação entre as gentes que circulavam em afazeres ou divertimentos sadios. Mas a ostentação se foi tornando um incômodo social que culminaria em tragédia...
Tudo aconteceu numa noite em que Pedroso se deixava ficar com Márcia num bar, no centro da cidade, quando ouviu uns gracejos vindos da mesa ao lado. Eram quatro rapazes tocados pelo excesso de álcool, e eles passaram a acirrar maledicentes comentários atingindo frontalmente os brios do sargento, que, para desgraça maior, envergava a sua farda e portava um sabre-baioneta de Fuzil Ordinário (FO).
– Tem cafetão no bar!... – assacou um dos rapazes.
– É mesmo! E cafetão fardado! – atalhou o outro.
– Mas a puta é bonita! – provocou o terceiro.
O sargento, furioso, levantou-se e se dirigiu aos rapazes, exigindo-lhes que o acompanhassem à delegacia. Eles caíram na gargalhada e adotaram postura hostil, enquanto um deles partiu ao confronto voando literalmente sobre o sargento e arremessando-o contra o piso do bar. Só que, quando os jovens se levantaram o sargento já havia sacado da bainha o sabre-baioneta. E se defendeu colocando-o apontado para aquele que contra ele de súbito se lançara. E houve a tragédia, o sargento debaixo do rapaz e este com o peito atravessado pelo sabre-baioneta em cena terrificante.
A morte foi instantânea, assustando o próprio sargento, que não fizera uso do sabre-baioneta senão para se defender dando somente uma pranchada nos belicosos rapazes. Esta era a intenção, mas agora lá estava, estendida no chão, a vítima, enquanto o sargento, descontrolado, afastava-se com a moça picando o passo.
A cidade parou indignada com o crime. Populares em passeata de protesto tentaram invadir o Destacamento Policial Militar, com os PMs defendendo-se em armas engatilhadas. O prostíbulo fechou, por precaução, e tudo somente se acalmou com a chegada de reforço. Três dias depois, o sargento se apresentou no Quartel-General, em Niterói, fugindo assim do flagrante. Ficou preso, enquanto providenciava advogado para se defender no processo, que, em razão do clamor local, fora transferido para a capital.
Não foi difícil aos advogados do sargento dar vitória à tese da legítima defesa, eis que ele abarrotou o Fórum com proeminentes personalidades (juízes, promotores, coronéis, desembargadores etc.), que, como ele, frequentavam a casa de madame Carla. Com este apoio irresistível a decisão foi simples e rápida: absolvição. Porque o juiz acolheu a circunstância excludente de criminalidade defendida pelo promotor de justiça em concordância com a defesa e corroborada pelos jurados, e determinou o arquivamento do feito.
Contudo, e por medida cautelar, a Polícia Militar decidiu que o sargento não mais comandaria o policiamento em Nova Friburgo. Foi ele então designado para Angra dos Reis. Mas Pedroso estava firmemente decidido a não abandonar a sua amada. Foi à casa de madame Carla e pediu Márcia em casamento. Ela aceitou. Gostava realmente do sargento. Todavia, acostumara-se à vida de bisca, criara o hábito de fazer sexo por dinheiro, motivo pelo qual propôs ao apaixonado miliciano uma condição:
– Amor, você me fez mulher. Mas não lhe posso negar que gostei dessa vida. Por isso, quero ter o direito de decidir sobre o meu destino após vinte anos. Se você concordar, aceito sua proposta.
– Querida, acho que você está assustada ante o meu pedido. Eu quero me casar com você por amor. Não me interessa o que você é agora. Nós vamos morar numa cidade em que ninguém a conhece, e poucos sabem quem eu sou. Mas aceito a sua condição. Você se esquecerá dela com o tempo... E assim aconteceu...
 *
Pedroso e Márcia formavam um respeitável casal. Muito controlado nos gastos, e em razão de seu longo tempo de solteirismo, Pedroso arrebanhara e guardara bom quinhão. Adquiriu então uma bela casa para morar com Márcia, enquanto sua carreira transcorria às mil maravilhas, com ele agora servindo no Quartel-General, em Niterói.
Márcia tornou-se esposa dedicada e amorosa; e o sargento amava deveras a mulher, que a cada dia alcançava uma beleza ainda mais estonteante. Era realmente linda! Seu corpo moreno tinha curvas na medida certa. Os olhos de azeviche, grandes e vivos, rebrilhavam num rosto simplesmente divinal. Márcia era, com efeito, uma verdadeira musa, e nem mesmo a gravidez alterara sua inefável beleza.
Dois anos já estavam eles casados e morando em São Gonçalo quando nasceu o primeiro filho: Júlio. No ano seguinte viria ao mundo a menina Clarisse, formando-se um casal de crianças tão bonitas como os pais.
Passado bom tempo Pedroso alcançara o posto de capitão e ingressara na reforma. Era líder de classe, característica que o acompanhara durante toda a sua vida profissional e que lhe propiciara a ocupação da presidência de uma associação de PMs tão logo se viu na inatividade.
Enquanto isso, na Escola de Formação de Oficiais, havia um cadete que vivia um drama familiar muito sério. Era quase oficial, eis que lhe faltavam apenas seis meses para a formatura. Mas enfrentava a dura realidade de ver a irmã sofrendo de tuberculose ganglionar, cujo tratamento dependia de remédios especiais. Sustentáculo da família, por não ter pai, o cadete andava pelo quartel apreensivo, fato observado por um tenente, de nome Expedito, que se lhe dirigiu:
– Paulo, qual é seu problema? Você anda muito tenso. Posso ajudar?
– Não sei, tenente. Estou realmente com um grave problema em casa, com minha irmã mais velha...
O cadete Paulo fez um relato sucinto daquilo que o afligia, recebendo do tenente a garantia de lhe conseguir o dinheiro. E, logo no dia seguinte, o tenente entregou-lhe um bilhete apresentando-o ao capitão Pedroso...
– Capitão, sou o cadete Paulo...
– Olá, garoto! O Expedito já me adiantou alguma coisa sobre o seu problema. De quanto você necessita pra comprar os remédios de sua irmã? – adiantou-se Pedroso, deixando o cadete à vontade.
– Bem, é muito dinheiro, e eu não poderia pagar agora. Este é o problema...
– Nada disso, rapaz. Vou emprestar o dinheiro e você só pagará depois de declarado aspirante e receber o primeiro salário. Só preciso que você seja um dos nossos associados. A prestação é barata...
Tudo foi simplificado pela boa vontade do capitão Pedroso, que na mesma hora providenciou o dinheiro. O cadete Paulo retornou ao quartel maravilhado com a simpatia e a atenção que recebera do capitão, de quem a partir de então se tornou amigo. Sim, porque o cadete e o capitão passaram a se encontrar esporadicamente, até que houve a formatura de Paulo a aspirante-a-oficial.
O tempo escorreu e a amizade de Pedroso e Paulo se aprofundou nos anos seguintes, com Paulo, já tenente, integrado à família do capitão, e vice-versa. Foi nesta época que Pedroso e Márcia decidiram adotar um menino de nome Sérgio. Ele contava seis anos, um a mais que Júlio, o filho biológico. O casal ficou então com três crianças, todas criadas com o mesmo carinho.
O tenente Paulo também estava deixando a vida de solteiro, e os padrinhos do seu casamento foram Pedroso e Márcia em bela cerimônia com direito até a “túnel do amor” – grande contingente de oficiais formando um corredor na saída da igreja, com os nubentes passando por baixo das espadas cruzadas sobre suas cabeças em emocionante espetáculo.
Os anos se passaram, com os casais sempre unidos em amizade. O tenente ganhou uma filha, Ana Paula. Depois nasceu Glória para completar a família de Paulo e Marilza. Nas festas de aniversário, tanto numa casa como noutra, nunca deixavam de marcar presença os casais amigos. E por longo tempo a amizade perdurou, até que as crianças conquistaram a adolescência.
Paulo fora promovido a capitão, alcançando o seu amigo mais velho que se reformara neste posto. Nesta época, a amizade de ambos era como se fosse de pai e filho. Um dia, porém, Pedroso foi ao quartel onde Paulo servia, adentrando o seu gabinete agoniado.
– Meu amigo, aconteceu algo muito grave comigo. Márcia fugiu de casa levando com ela o Sérgio. E sabe o que meus filhos me falaram?... Que Márcia e Sérgio são amantes. Não posso acreditar que seja verdade! Não posso! Como pôde ela transformar o filho em amante? – desesperou-se o capitão.
– Calma, Pedroso! Explique-me isto melhor! Márcia fugiu com Sérgio? Com seu filho adotivo? Ou será que ela apenas o levou pra não ficar sozinha?...
– Não, meu amigo! Eles eram amantes, sim, e debaixo do meu nariz. Que traição! Dupla traição! Criei Sérgio como um filho querido. Como ela me pôde golpear dessa maneira?
– Pedroso, por que será que eles fizeram isto?...
 *
Daí Pedroso narrou ao amigo toda a história passada. Mas o drama se estendeu numa sucessão de fatos que culminaram em tragédia...
Márcia fora nomeada professora pública. Trabalhava em Niterói há seis anos, o que a obrigou ao retorno da fuga para não perder o emprego. De São Paulo, para onde havia fugido com Sérgio, ela voltou a morar em São Gonçalo, vivendo maritalmente com filho adotivo, este que conseguira emprego de motorista de ônibus. Apesar da diferença de idade entre Márcia e Sérgio, a beleza dela não indicava nenhuma distância temporal entre ambos.
Pedroso não soube logo que o casal infiel estava residindo num bairro próximo de sua casa, no Mutuá/SG. Somente conheceu esta verdade quando, ao transitar com seu carro particular pelas ruas gonçalenses, num determinado trecho ele foi quase abalroado por um ônibus, obrigando-se a dar um golpe de direção que também por pouco não o levou a bater num poste. E ele pôde ver Sérgio ao volante, rindo sarcasticamente, como se fosse seu inimigo.
– Amigo, o moleque tentou me matar! Estão morando perto de mim. Não sei mais que fazer! Não consigo sufocar meu desespero em me ver traído dessa maneira. Não fossem meus dois filhos eu mataria esses miseráveis. Mas não tenho coragem. Minha vida terminou! – desabafou Pedroso.
– Pedroso, meu amigo, você tem de manter a calma. Sei que a situação é complicada. Mas você tem de pensar no Júlio e na Clarisse. Eles precisam de você e devem estar sofrendo muito com tudo isso.
– Tem razão. Eles estão desnorteados. Não entendem como a mãe deles pôde abandoná-los, como fez, sem qualquer explicação. Não sei se aguentarei esta barra...
Paulo não tinha dúvida de que havia perigo à vista e decidiu procurar Márcia no trabalho para alertá-la sobre os riscos daquele acintoso e provocativo comportamento do Sérgio e dela própria.
– Márcia, eu resolvi procurar você porque me preocupa o estado psicológico do Pedroso. Não vim aqui pra repreender você. Apenas estou com a péssima impressão de que Pedroso vai matar você e Sérgio. Ele está muito desesperado. Acho melhor você partir novamente pra São Paulo...
– Que nada, Paulo, não vou perder meu emprego! Pedroso é pacato. Ele sabe que cumpri ao pé da letra o trato que fizemos. Não pude evitar a paixão pelo Sérgio. Como você sabe, depois de vinte anos, fiquei mais pra filha do que pra mulher de Pedroso. Não acredito que ele me mate!...
– Mas, Márcia, Sérgio jogou o ônibus contra o carro dele. Acho que você está se esquecendo daquele Pedroso que você conheceu em Friburgo. Por favor, Márcia, fuja enquanto é tempo! Faça isto por Júlio e Clarisse! – suplicou Paulo.
Não adiantou. Márcia e Sérgio continuaram vivendo juntos e nas barbas do desesperado capitão, que definhava dia a dia diante do amigo Paulo, o ombro que buscava para derramar suas lágrimas. E assim ficou, durante pelo menos dois meses, até que desapareceu, não mais procurando o amigo. Paulo foi então visitá-lo. Em chegando, deparou com uma cena lamentável: a casa estava suja e desarrumada e os filhos abalados além do suportável.
– Amigo, vim aqui porque você não foi mais me ver. Como você está passando? – indagou Paulo, mas sem necessidade de resposta, a fisionomia de tristeza de Pedroso falava mais forte.
– Obrigado, amigo. Você tem sido um esteio pra mim. Mas estou envergonhado com tudo isso, envergonhado de lhe procurar pra chorar como criança enquanto meus filhos sofrem um abandono total, inclusive de minha parte. Resolvi me recolher pra pensar...
A conversa de Pedroso não tinha mais o tom de desespero. Falava por monossílabos. Indicava claramente que chegara ao fim do poço. E foi esta a razão de Paulo novamente procurar Márcia, no colégio, para tentar convencê-la a partir de São Gonçalo o mais rápido possível. Entretanto, ela desdenhou o perigo, preferindo continuar na corda bamba que se recusava a enxergar.
Passaram-se duas semanas. Era um dia de sábado. Paulo estava em sua casa quando a campainha estrilou. Ele abriu a porta e viu diante de si a figura alquebrada de Pedroso, um trapo de homem, roupas sujas, cabelos desgrenhados e em choro desesperado. Ele falou:
– Matei Márcia!...
Realmente, a frase resumia a tragédia que o velho capitão acabara de protagonizar. Em prantos, ele foi aos poucos narrando o que acabara de fazer: fora à casa de Márcia e nela penetrou de arma na mão, um revólver calibre 38. Sérgio, ao vê-lo irromper sala adentro, correu para os fundos, pulou o muro e fugiu. Márcia ficou parada, talvez se achando capaz de neutralizar a vontade assassina que comandava o espírito do ex-marido, um engano fatal: recebeu seis tiros e tombou sem vida.
Assim o transtornado capitão resumiu o crime que acabara de cometer por pura paixão. Mas logo se arrependeria. Lamentava não ter resistido à tentação de matar a sua amada. E não parava de chorar convulsivamente, obrigando ao seu amigo a providência de lhe dar um tranquilizante, depois de enfiá-lo por quase uma hora debaixo dum chuveiro morno e de lhe trocar as roupas.
Pedroso permaneceu durante algumas horas na casa de Paulo, até que, aconselhado por seu advogado, ocultou-se e se apresentou à polícia três dias depois, prestando seu primeiro e tormentoso depoimento na delegacia policial. E não lhe decretaram a prisão preventiva, ficando ele respondendo ao processo em liberdade. Seria liberdade? Não, porque nada mais lhe fazia diferença. Sua vida acabara junto com a de Márcia. Dois anos depois ele faleceu definhado de propósito. Sim, morreu o seu corpo, porque a alma já estava morta desde o dia em que fora duplamente traído.
Sérgio sumiu mundo afora. Júlio e Clarisse ficaram vivendo da pensão do pai, no apartamento deixado de herança. Júlio largou os estudos. Conheceu uma garota e com ela se casou, passando a sustentar a família com o trabalho incerto de motorista de caminhão. Clarisse teve pior destino. Sem suportar a tragédia, tornou-se dependente de drogas e se uniu maritalmente a um traficante. Contraiu AIDS, culminou presa por tráfico e morreu na prisão. Coisas da vida...

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